FOGO CONTRA FOGO - LAVA JATO EM RISCO - Abrem-se as porteiras para corruptos desgraçados. O “casamento de conveniência” entre Jair Bolsonaro e Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal
As bodas ocorreram, de fato, no dia 16 de julho. Foi quando Toffoli deu a
decisão que travou a única investigação com potencial de causar
embaraços sérios para o clã Bolsonaro na Justiça. “Foi uma catarse”, diz
uma fonte sobre a maneira como a primeira-família da República recebeu a
decisão.
Havia motivos para tanto.
Em uma canetada solitária, durante o
recesso do Judiciário, Toffoli atendeu a um pedido dos advogados de
Flávio Bolsonaro e suspendeu o inquérito aberto a partir do relatório do
Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, que havia
apontado transações financeiras suspeitas envolvendo o agora senador e
alguns funcionários e ex-funcionários de seu gabinete na Alerj, a
Assembleia Legislativa do Rio, na época em que ele era deputado
estadual.
De lá para cá, os gestos do Palácio do Planalto em retribuição ao
ministro se acumulam. Bolsonaro passou a ouvir com mais atenção os
pleitos oriundos do outro lado da Praça dos Três Poderes. Por exemplo:
Toffoli e Gilmar, entendiam que o Coaf estava aparelhado pela Lava Jato —
a qual, na visão de setores importantes dos tribunais, estaria
interessada em avançar sobre o Judiciário.
A queixa tinha endereço
certo: Roberto Leonel, o presidente do conselho, escolhido no início do
governo por Sergio Moro. Antes de desembarcar em Brasília juntamente com
o próprio Moro, Leonel havia integrado a força-tarefa da Lava Jato no
Paraná, como representante da Receita, órgão do qual é funcionário.
Bolsonaro, ao que tudo indica, rendeu-se à pressão do Judiciário e
ordenou a Paulo Guedes que tirasse Roberto Leonel do posto.
A demissão
ainda não foi consumada, mas está em vias de ocorrer.
Em outra frente, a própria Receita Federal, outro alvo da fúria de
Toffoli, Gilmar e companhia, passará por profundas transformações. A
caça às bruxas já começou – e justamente pelos setores ligados às
apurações internas que miraram as transações financeiras de ministros e
seus familiares.
Já é dado como certo, internamente, que haverá
mudanças, por exemplo, em posições estratégicas da área de inteligência.
No atacado, a Receita será reestruturada. Deverá virar uma autarquia. A
exemplo do que está em marcha no Coaf, a ideia é limitar o campo de
ação do órgão.
Auditores perderão poder de investigação.
Os padrinhos são Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, respectivamente presidentes da Câmara e do Senado.
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